segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Hidrelétrica de Belo Monte e os problemas ambientais


Pessoal, venho aqui chamar a atenção para algo muito importante que está prestes a acontecer no Brasil e está diretamente ligado às questões ambientais. Não é novidade nenhuma que a maioria dos governos nas sociedades capitalistas, seja em países desenvolvidos ou subdesenvolvidos, não têm uma grande preocupação ambiental, todavia a sociedade civil pode e deve se organizar e lutar para impedir que desastres ambientais venham a ocorrer, principalmente quando o preço ambiental é muito elevado. Segue abaixo algumas informações referentes à construção da usina hidrelétrica de Belo Monte:

Um grupo de 60 organizações não governamentais socioambientalistas divulgou nesta quinta-feira uma nota de repúdio à concessão da licença de instalação parcial para a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA), emitida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e que autoriza a instalação do canteiro e outras obras preparatórias.

Para as entidades, a licença parcial é "o primeiro grande crime de responsabilidade do governo federal neste ano que nem bem começou". Na nota, a hidrelétrica é citada como um "enorme predador" que será instalado às margens do Rio Xingu.

O grupo critica a ausência de garantias do projeto para evitar o desequilíbrio social e ambiental na região. "Denunciamos essa obra como um projeto de aceleração da miséria, do desmatamento, de doenças e da violação desmedida das leis que deveriam nos proteger", diz o texto.

As lideranças argumentam ainda que o Ibama não levou em conta opiniões contrárias à construção da hidrelétrica antes de conceder a licença parcial. Em nota, o Ibama disse que a liberação se deu com base em critérios técnicos e que autoridades e organizações da região foram ouvidas.

O Ministério Público Federal no Pará (MPF/PA) também reagiu à concessão da licença parcial e deve entrar com uma nova ação na Justiça questionando o licenciamento ambiental de Belo Monte. Em novembro de 2010, o MPF enviou ao Ibama uma recomendação para que o órgão não fragmentasse o licenciamento de Belo Monte com a concessão da licença de instalação parcial.

Formalmente, a legislação não prevê a emissão de licenças parciais. O processo regular se dá em três etapas: a licença prévia - que atesta a viabilidade da obra; a licença de instalação - que libera o início da construção; e a licença de operação - que autoriza o funcionamento do empreendimento.

Uma das manifestações contrárias foi a do sociólogo Sérgio Abranches. Em seu comentário na rádio CBN, Abranches argumentou que o Ministério Público Federal do Pará havia recomendado ao Ibama que não fragmentasse o licenciamento para acelerar o processo, porque as exigências para a licença prévia não haviam sido cumpridas. De acordo com Abranches, a licença parcial (parte do que deveria ser uma licença completa) não existe na legislação ambiental brasileira.
Ele, assim como organizações como a Conservação Internacional, que publicou na semana passada um documento contestando a construção da hidrelétrica, afirma que Belo Monte não será a segunda maior hidrelétrica do Brasil ou terceira do mundo – como alega o governo federal. A suposta capacidade instalada de 11.233 MW de eletricidade não seria alcançada, chegando a uma produção anual máxima de 4.420 MW. Além disso, diz Abranches, a obra não custará R$ 19 bilhões, mas em torno de R$ 30 bilhões, segundo estimativas.

“Tenho conversado com especialistas em energia, diretores de empreiteiras e empresas do setor elétrico, economistas e investidores. Todos dizem que o projeto não é bom, nem do ponto de vista econômico-financeiro, nem do ponto de vista energético”, afirma Abranches.

Outro fato recente e controverso no processo de liberação da obra foi a saída do então presidente do Ibama, Aberlardo Bayma, há duas semanas, no dia 12 de janeiro. Bayma justificou o pedido de demissão dizendo que sua decisão era movida por “motivos pessoais”. Antes dele, a saída de Roberto Messias Franco do cargo em abril de 2010 já havia sido associada às pressões por liberação de licenças ambientais.

O Greenpeace também se manifestou contra a licença, em sua página e no twitter. Em artigo intitulado “Cheirando Mal”, o responsável pela campanha de energia da organização no Brasil, Ricardo Baitelo, reforça o argumento de que a capacidade da usina não é a alegada pelo governo. “A previsão é que a geração da usina ficará a dever no período da seca, o que fará com que a hidrelétrica tenha um aproveitamento muito abaixo da média das usinas no Brasil”, diz.

No Twitter, já existe uma campanha, no endereço #parebelomonte, de mobilização contra a medida do Ibama. Organizações como o escritório brasileiro da Amigos da Terra estão difundindo a iniciativa na rede social.

Sabe-se que há um grande déficit entre o consumo e a produção de energia no Brasil, mas fazer com que o meio ambiente pague pela falta de planejamento e de políticas para o setor energético pelo governo é algo inaceitável. É possível assinar uma petição contra a liberação das obras em Belo Monte através do link: http://www.avaaz.org/po/pare_belo_monte/?vl

Rogerdautry

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A Geografia e a informação

Como já dito antes, é sempre muito importante tomar cuidado com algumas informações que vemos ou ouvimos nos meios de comunicação. Segue abaixo uma notícia retirada de um blog que trata dos programas de tv.


Nervos à for da pele no belo estado do Mato Grosso do Sul. Na última semana uma cena da novela "Insensato Coração", dos autores Gilberto Braga e Ricardo Linhares, irritou profundamente a classe política do estado e todos os sul-mato-grossenses. Em um diálogo ficou subentendido que a cidade de Bonito ficaria no Mato Grosso e não no Mato Grosso do Sul.

Em uma cena Pedro (Eriberto Leão) anuncia que irá fazer uma viagem ao Mato Grosso, para levar uma carga a um fazendeiro. Em outra, o personagem comenta com o irmão (Gabriel Braga Nunes) que pretende viajar com Luciana (Fernanda Machado) para passar uma noite em um hotel fazenda de Bonito. Pronto, a confusou se instaurou.

A coisa foi tão séria que gerou críticas severas à Globo. De acordo com informaçõeas do jornalista Daniel Castro do R7, o Deputado Estadual Paulo Duarte (PT) chegou pedir ao governo que boicotasse à emissora. O diretor de Turismo de Mato Grosso do Sul, Nilde Brun, pediu que os autores e a emissora se retratassem o quanto antes.

Procurado por Daniel Castro, Ricardo Linhares, coautor da trama, disse que reconhece o erro e assim que houver oportunidade o mal-feito será corrigido.
Um pouco de geografia faz muito bem. O povo da região Centro-oeste que o diga...
Notícia retirada do blog rd1

Rogerdautry

sábado, 22 de janeiro de 2011

A tragédia do Rio de Janeiro e a comunicação

Pessoal, eu sei que todos estão de férias, aproveitando pra se divertir, mas devido aos últimos acontecimentos decidi fazer uma postagem relativa a problemas que discutimos em sala de aula. Nos últimos dias temos acompanhado, com ampla cobertura dos meios de comunicação, a tragédia na região serrana do Rio de Janeiro. Devido a grande ênfase dos meios de comunicação, que relatam que essa é a maior tragédia natural do país, fiquei bastante surpreso com a reportagem que li no último domingo sobre uma tragédia ocorrida no Brasil maior do que a observada na região serrana do Rio de Janeiro. Com base na Revista Brasileira de Geografia Física, fotos e reportagens da época, além de testemunhos de sobreviventes, tal matéria traz à tona um sério problema: Até que ponto a informação que recebemos é confiável?

Reportagem:
DOMINGO, 16 DE JANEIRO DE 2011
Maior tragédia do Brasil foi na Serra das Araras, em 1967, com cerca de 1700 mortos
Uma cruz de 10 metros na subida da Serra das Araras (Piraí-RJ), no local conhecido por Ponte Coberta, marca o início de um enorme cemitério construído pela natureza.

Lá estão cerca de 1.400 mortos (fora os mais de 300 corpos resgatados) vítimas de soterramento pelo temporal que atingiu a serra em janeiro de 1967.



Desabou: A Serra das Araras ficou “pelada” após tragédia de 1967

Foi a maior tragédia da história do país, superando o número de mortos da atual tragédia na Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro, hoje acima de 600.

No episódio da Serra das Araras, suas encostas praticamente sedissolveram em um diâmetro de 30 quilômetros. Rios de lama desceram a serra levando abaixo ônibus, caminhões e carros. A maioria dos veículos jamais foi encontrada. Uma ponte foi carregada pela avalanche. A Via Dutra ficou interditada por mais de três meses, nos dois sentidos.

A Revista Brasileira de Geografia Física publicou, em julho do ano passado, a lista das maiores catástrofes por deslizamento de terras ocorridos no país. O episódio da Serra das Araras, com seus 1700 mortos estimados, supera de longe qualquer outro acidente do gênero no país.


Arquivo



Caraguatatuba: As marcas dos deslizamentos no mesmo ano de 1967

Para se ter uma idéia do que ocorreu na Serra das Araras basta comparar os índices pluviométricos. A atual tragédia de Teresópolis ocorreu após um volume de chuvas de 140mm em 24 horas. Na Serra das Araras, em 1967, o volume de chuvas chegou a 275 mm em apenas três horas. Quase o dobro de água em um oitavo do tempo.


Mas o episódio da Serra das Araras parece ter sido apagado da memória do país e, especialmente, da imprensa.

O noticiário dos veículos de comunicação enfatiza que a tragédia da Região Serrana do Rio superou o desastre de Caraguatatuba em março de 1967 (ver abaixo). O caso da Serra das Araras, ocorrido em janeiro daquele mesmo ano, sequer é citado.

Até a ONU embarcou na história e colocou a tragédia atual entre os dez maiores deslizamentos de terras do mundo nos últimos 111 anos.


Caraguatatuba

O ano de 1967 foi realmente atípico. Em março, dois meses após a tragédia da Serra das Araras, outro desastre atingiu Caraguatatuba, no litoral paulista.

Chovia quase todos os dias desde o início do ano (541mm só em janeiro, o dobro do normal). Do dia 17 para 18 de março, um temporal produziu quase200 mm de chuvas em um solo já encharcado.

No início da tarde de 18 de março, sábado, a tragédia aconteceu sob intenso temporal que chegou a acumular 580mm de chuvas em dois dias (Teresópolis teve 366mm em 12 dias).

Segundos os relatos da época, houve uma avalanche de lama, pedras, milhares de árvores inteiras e troncos que desceu das encostas da Serra do Mar, destruindo casas, ruas, estradas e até uma ponte. Cerca de 400 casas sumiram debaixo da lama. Mais de 3 mil pessoas ficaram desabrigadas (20% da população da época). O número de mortos - cerca de 400 - foi feito por estimativa, pois a maioria dos corpos foi soterrada ou arrastada para o mar.

Detalhe: Caraguatatuba, em 1967, era um balneário turístico de 15 mil habitantes. Dá para imaginar quais seriam as consequências se aquela tragédia ocorresse hoje, com os atuais 100 mil habitantes.


Por isso é sempre importante tomar cuidado com o que vemos, lemos ou ouvimos. Não cair no erro de fazer pré-julgamentos sobre algum acontecimento ou tomar partido de algo sem ao menos entender o que se passa. Os meios de comunicação podem ser extremamente úteis em nosso dia-a-dia, todavia temos que tomar muito cuidado pra não virarmos apenas um fantoche na mão do sistema. Para que de fato possamos decidir por nós mesmos. Ter uma opinião própria, ter ideais próprios, poder refletir e ter o direito de pensar. Tomem cuidado...